21 de julho de 2015

Os "presentes"







Há um conto que diz que quando alguém nos entrega um presente e não o aceitamos o mesmo continua pertencendo a quem tentou entregá-lo para nós, e o mesmo vale para os insultos e outras formas de tentar nos tirar a calma.


Dentro dessa simples atitude podemos ver tanto. Autocontrole, maturidade, paciência, calma, bom senso e por aí vai. Tudo isso me lembra uma situação que vivi com minha mamy.

Eu fui almoçar e esqueci um detalhe que a irritou na hora de colocar minha comida no prato. Apesar de ter a consciência que estava errada, sei que não fiz por mal e minha atitude não justifica a atitude tão grosseira de minha mãe. Na hora fiquei bastante irritada, mas, como o sábio do conto, eu decidi que não receberia aquele “presente” mas o manteria com a dona.

Não é mesmo uma atitude fácil! Mas quando você consegue ter maturidade para saber que é muito mais inteligente não entrar em uma briga boba apenas para ficar ainda mais chateada e triste, você é capaz de se dar conta que a melhor atitude é não sujar seu coração e não permitir que esse tipo de “presente” entre dele e crie mágoas, rancores, ódios, raivas e tristezas que podem perseguir você por uma vida inteira.

Não se veja apenas do lado que recusa o presente. Coloque-se também no lado que ofende. Pense que você é capaz de ser melhor que isso para conseguir atenção ou para expor suas ideias e pontos de vista. Se você usa baixaria como argumento só para ferir e não mais dialogar, já perdeu a razão faz tempo...

Aprenda sem desespero ou pressa a ser mais seletivo e cuidadoso com os presentes que tem dado e aceito. Calma, vá de Fé em Fé.

Para finalizar, coloco aqui o conto que me auxiliou neste post:

De Quem é o Presente?
 
Perto de Tóquio vivia um grande samurai idoso que agora se dedicava a ensinar o zen aos jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário. Certa tarde, um guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulos apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para reparar os erros cometidos, contra-atacava com velocidade fulminante. O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta.  Conhecendo a reputação do samurai, estava ali para derrotá-lo, e aumentar sua fama. Todos os estudantes se manifestaram contra a ideia, mas o velho aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade, e o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos, ofendendo inclusive seus ancestrais.  Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível.  No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se.
 
           Desapontados pelo fato de que o mestre aceitar tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram: - Como o senhor pode suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?
 
- Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente?

- A quem tentou entregá-lo - respondeu um dos discípulos.

- O mesmo vale para a inveja, a raiva, e os insultos - disse o mestre - Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo. A sua paz interior, depende exclusivamente de você. As pessoas não podem lhe tirar a calma, só se você permitir...

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